A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (10) a
Operação Tira-teima, desdobramento da Lava Jato, que investiga
pagamentos de vantagens indevidas por um grupo empresarial a políticos.
De acordo com a PF, cerca de 40 policiais federais cumprem oito
mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro Edson Fachin,
relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal.
Os mandados estão sendo cumpridos em São Paulo, Goiânia e Fortaleza.
Não há ordem de prisão. Até o meio-dia desta terça, a PF não havia
informado quem são os alvos da operação e detalhes sobre o esquema de
pagamento de propinas investigado.
Polícia Federal faz apreensão em residência no bairro da Madalena, na
Zona Oeste do Recife, durante a operação Decimus, nesta terça-feira (10)
(Foto: Bruno Grubertt/TV Globo)
A operação foi deflagrada a partir da delação do ex-diretor de relações
institucionais da Hypermarcas, Nelson Melo, um dos delatores da
Operação Lava Jato.
Em depoimento a autoridades, Melo disse que repassou R$ 5 milhões para a campanha do presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), ao governo do Ceará em 2014 por meio de contratos fictícios.
O senador Eunício Oliveira disse, por meio de sua assessoria, que não
foi alvo da Operação Tira-teima, nem empresas ou pessoas ligadas a ele.
Em fevereiro, a Hypermarcas mudou de nome para Hypera Pharma. A mudança foi aprovada por acionistas em assembleia geral extraordinária da empresa.
A Hypera informou, por meio de nota, que está colaborando com as
investigações e que os "atos praticados" pelo ex-executivo Nelson Melo
foram objeto de auditoria (leia nota da empresa ao final desta reportagem).
De acordo com a empresa, a auditoria concluiu que Melo autorizou, por
iniciativa própria, despesas sem as devidas comprovações das prestações
de serviço. A empresa disse, ainda, que não se beneficiou por atos
praticados pelo ex-executivo.
A delação de Melo também serviu de base para o cumprimento de mandado
de busca e apreensão no escritório do lobista Milton de Oliveira Lyra
Filho durante a deflagração da Operação Sépsis,
outra etapa da Operação Lava Jato. Lyra Filho é apontado por
investigadores como intermediário do pagamento de propina a senadores.
Leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria de Eunício Oliveira:
"Ele [Eunício] não foi alvo da Operação Tira Teima. Tampouco pessoas ou
empresas ligadas a ele foram alvo, ou sequer abordadas, na ação
realizada na manhã dessa 3ª feira, 10/04."
Leia a íntegra de nota divulgada pela empresa Hypera:
CNPJ/MF nº. 02.932.074/0001-91
A
HYPERA S.A. (“Companhia”), em cumprimento ao disposto no art. 157, §4º,
da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976 e na Instrução CVM nº 358,
de 3 de janeiro de 2002, informa que, nesta data, está em curso busca e
apreensão pela Polícia Federal que, de acordo com as informações
apuradas até o momento, está relacionada a acordo de colaboração
premiada celebrado pelo Sr. Nelson José de Mello, ex-Diretor de Relações
Institucionais da Companhia, o qual foi objeto do Aviso de Fato
Relevante divulgado em 28 de junho de 2016, bem como de outros
comunicados divulgados pela Companhia naquele ano.
A
Companhia reitera que (a) está colaborando e colaborará com as
investigações; (b) os atos praticados pelo ex-executivo foram objeto de
auditoria conduzida por assessores externos, a qual concluiu que o Sr.
Nelson José de Mello autorizou, por iniciativa própria, despesas sem as
devidas comprovações das prestações de serviços; (c) foi ressarcida
pelos prejuízos sofridos; e (d) não se beneficiou de quaisquer atos
praticados isoladamente pelo ex-executivo.
São Paulo, 10 de abril de 2018
Breno Toledo Pires de Oliveira
Diretor Executivo Financeiro (CFO) e de Relações com Investidores
Fonte: Portal G1
Postado por Raimundo Lima
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