sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Ensino em tempo integral eleva nível dos alunos, defendem especialistas

O ensino em tempo integral tem impacto positivo não apenas sobre os alunos beneficiados como também sobre suas famílias e as comunidades onde vivem, segundo estudos apresentados durante audiência pública promovida nesta quarta-feira (7) pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE). Os participantes da audiência fizeram uma avaliação do Programa Mais Educação, lançado pelo governo federal em 2007 e que busca a ampliação do ensino em tempo integral em todo o país.
A média brasileira de permanência diária de crianças e adolescentes nas escolas gira em torno de 4h30. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) essa média já atingiu 7h. Jaqueline Moll, doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e gestora do programa até 2013, trouxe levantamentos do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) segundo os quais as notas de Português e Matemática dos estudantes dessas escolas melhoraram.
Entre 2007 e 2009, por exemplo, anos iniciais do Mais Educação, o índice de proficiência em Português nas escolas onde 100% dos alunos estudavam em dois turnos sofreu acréscimo de 7,5. O índice subiu também no intervalo 2009-2011, tendo uma melhora de 2,8, disse Moll. O mesmo fenômeno ocorreu na Matemática, disciplina na qual os acréscimos foram respectivamente de 0,6 e 7,8.
Por isso, a educadora criticou fortemente o Banco Mundial, que num estudo teria chegado à conclusão de que o ensino em tempo integral não estaria dando certo no Brasil. A instituição recomenda que o Mais Educação seja trocado por aulas de reforço em Português e Matemática.
— É preciso questionar a metodologia que eles usaram. Temo que o programa agonize — alertou Jaqueline Moll, fazendo referência também aos atrasos nos repasses do governo federal às instituições de ensino.
O representante do Ministério da Educação, Leandro Costa, garantiu à vice-presidente da Comissão, senadora Fátima Bezerra (PT-RN), que a pasta já tem um plano de regularização dos repasses e que o novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, prioriza a política de educação integral.
Costa adiantou ainda que serão abertas novas inscrições para mais escolas aderirem a partir do próximo ano letivo, e que todas as pesquisas no âmbito do ministério também mostram que o ensino em tempo integral melhora o desempenho dos estudantes.
Meta para 2024
O representante do MEC pediu o apoio dos senadores para que os repasses do Mais Educação passem a ser automáticos, assim como para que a pasta não sofra com mais cortes. Sua demanda teve o apoio dos senadores Paulo Paim (PT-RS), Lasier Martins (PDT-RS), Regina Sousa (PT-PI) e Fátima Bezerra, que presidia a reunião.
— A meta do PNE (Plano Nacional da Educação) é que 50% das escolas e 25% dos estudantes na educação básica já estejam nos dois turnos em 2024 — lembrou.
Fátima Bezerra citou dados atuais, segundo os quais hoje só 9,8% dos estudantes nas redes estaduais e 13,9% nas municipais vivem essa realidade.
Leandro Costa entende que esse modelo é fundamental para que o país supere suas desigualdades.
— Os filhos de um determinado nível de classe média pra cima sempre tiveram educação integral, por meio de atividades complementares. É isso que deve ser massificado — defendeu.
Também participaram da audiência Sueli Baliza, secretária de Educação de Belo Horizonte (MG); Anderson George, da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo; e Natacha Costa, diretora da associação Escola Aprendiz. Todos citaram inúmeras experiências locais bem-sucedidas na área, envolvendo esportes e lazer, atividades culturais e direitos humanos, além de noções básicas de orçamento familiar e outras.

(FONTE: UNDIME.)


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