Ainda que não admitam diretamente, políticos derrotados ou que passaram o comando do Executivo para aliados em cidades do Ceará nas eleições de 2020 já pensam no que fazer para garantir vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados na disputa do ano que vem. Faltando mais de um ano para o início oficial da campanha, já fervem nos bastidores articulações visando a composição da futura bancada de parlamentares. Alguns ponderam, no entanto, que o momento também é de priorizar o combate à pandemia de Covid-19 no Estado.
Dividir colégios eleitorais com aliados, considerar o capital político angariado nas últimas eleições e estabelecer a posição dos partidos entre base e oposição são algumas tratativas atuais. Observando a base de apoio, ex-prefeitos e ex-candidatos investirão em fortalecer seus territórios, e isso passa pela articulação feita diretamente em municípios estratégicos.
Entre os agentes políticos que já articulam bases eleitorais, movimentam aliados e discutem a composição das legendas, estão os ex-prefeitos de Juazeiro do Norte, Arnon Bezerra (PTB); de Caucaia, Naumi Amorim (PSD); Firmo Camurça (PSDB), de Maracanaú; Argemiro Sampaio (PSDB), de Barbalha, e Ilário Marques (PT), de Quixadá. Oscar Rodrigues (MDB), candidato derrotado na disputa pela Prefeitura de Sobral em 2020, também está de olho em 2022.
Há ex-gestores também que, apesar dos movimentos, optam não discutir cenários eleitorais no momento. Ex-presidente da Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), Nilson Diniz (PDT), que foi prefeito do Cedro nos últimos oito anos e conseguiu deixar um sucessor, prefere adiar o debate, e argumenta que o momento é de pensar no combate à pandemia.
Levantamento do Diário do Nordeste feito logo após as eleições de 2020 mostrou que 41 prefeitos cearenses não foram reeleitos no último pleito. Entre os casos emblemáticos está o de Juazeiro do Norte, terceiro maior colégio eleitoral do Ceará, que segue sem nenhum caso de reeleição na história.
Articulação em Juazeiro
No maior município da região do Cariri, distante cerca de 500 km de Fortaleza, o ex-prefeito Arnon Bezerra, por enquanto, trabalha para reeleger o filho, o deputado federal Pedro Bezerra (PTB), estreante na Câmara com 119.030 votos em 2018. Deputado por quase 30 anos, Arnon evita cravar uma eventual disputa envolvendo seu nome no ano que vem.
“Por enquanto eu apoio a candidatura dele (Pedro Bezerra), vou continuar a fortalecer a base no Cariri. Estamos vivendo um momento extremamente preocupante, a pandemia deixou todo mundo com os nervos à flor da pele”, diz o ex-prefeito.
Segundo informou, o petebista será responsável por organizar a base eleitoral nas principais cidades do Cariri, trabalhando em prol de candidatos aliados nos 29 municípios da região. Arnon angariou cerca de 49 mil votos na última eleição.
Barbalha: PSDB em xeque
Em Barbalha, o ex-prefeito Argemiro Sampaio (PSDB) garante que disputará vaga na Assembleia Legislativa. O tucano, que obteve 17.040 votos e perdeu a reeleição, tem como aliado o ex-deputado e agora prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa (PSDB).
A permanência de Argemiro no partido, no entanto, não é garantida. Ele aguarda a definição da sigla: “caso o PSDB seja base do Governo, irei para outro partido. Já fui convidado pelo Pros, e lá seria minha primeira opção (...), mas não quero ter que deixar o PDSB”, explica. A expectativa é por um aceno do senador tucano Tasso Jereissati.
Nas articulações, a deputada estadual Fernanda Pessoa - filha de Roberto -, tentaria vaga na Câmara, e para isso contaria com votos em Barbalha. Em troca, Argemiro teria Roberto Pessoa como cabo eleitoral em cidades onde o ex-deputado exerce influência política.
Firmo Camurça tentará vaga
O PSDB também age para manter relevância com representantes em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza. O ex-prefeito Firmo Camurça, após dois mandatos consecutivos, já se coloca como um pré-candidato a deputado estadual. Ele pondera, no entanto, que o momento é de “pensar na vacinação em massa no Ceará”.
Nos bastidores, agentes políticos de oposição avaliam a formação de blocos para a disputa de 2022. Isso porque, na avaliação de parlamentares e de possíveis candidatos, será difícil acomodar os interesses em apenas um grupo opositor ao Governo. Para Firmo, “a possibilidade é de se formar dois blocos de oposição para a chapa dos estaduais, e mais dois na disputa pela Câmara, dada a quantidade de nomes”.
Dobradinha em Caucaia
Já na Região Metropolitana de Fortaleza, derrotado em Caucaia após angariar 80.045 votos em 2020, Naumi Amorim (PSD) aguarda definições e conversas mais estreitas com o partido para cravar seu futuro político. A pretensão, no entanto, é de que ele possa disputar um assento em Brasília, junto com o deputado e correligionário Domingos Neto.
“O PSD quer dividir o capital eleitoral para fazer três ou quatro deputados. Para que seja candidato tem que ter votos não só em Caucaia”, pondera o ex-gestor.
Sua esposa, a deputada estadual Érika Amorim (PSD), também não tem destino definido. A previsão, porém, é de que a parlamentar tente reeleição.
Indefinição em Quixadá
Em Quixadá, o ex-prefeito Ilário Marques (PT) evita dar maiores detalhes da articulação. Ele afirma, no entanto, que há sim a possibilidade de disputar as eleições para deputado federal.
“A discussão ficou um pouco prejudicada por conta da pandemia, mas estou disponível tanto para ser candidato quanto para não ser”, pondera ele, que na disputa do ano passado somou 19.428 votos. Tradicional quadro do PT no estado, Marques diz também que continuará um trabalho de articulação dentro do partido.
Sobral
Com 45.795 votos, Oscar Rodrigues (MDB) quer aproveitar o capital eleitoral angariado na primeira eleição que disputou na região Norte do Estado. Derrotado em Sobral, o pai do deputado federal Moses Rodrigues (MDB) fala em “fortalecer o grupo político em oposição aos irmãos Ferreira Gomes”. Para isso, já articula sua pré-candidatura para a Assembleia, numa dobradinha com o filho, que tentará reeleição na Câmara.
“A decisão de que eu seria candidato foi tomada 60 dias antes da eleição, durante uma reunião. Foram cerca de 45 dias de campanha”, contou o ex-candidato sobre o pleito de 2020.
Oscar Rodrigues adianta, ainda, que poderá disputar o cargo de prefeito mais uma vez, em 2024.
PDT: maior bancada quer manter protagonismo
O PDT, por sua vez, quer se manter como o partido com maior quantidade de parlamentares no Ceará. O presidente da sigla no Estado, deputado André Figueiredo, diz que a busca é por garantir as mesmas seis vagas na Câmara que tem hoje, podendo chegar até a oito deputados.
“Existe a possibilidade de muitos deputados federais na abertura da janela irem para o PDT, de modo a garantir nominatas fortes. O mesmo cenário para deputado estadual é levar a bandeira do PDT, de modo a que consigamos manter a maior bancada”, explica André.
O partido tem hoje 20 parlamentares atuando no Ceará, 14 na Assembleia Legislativa, e seis na Câmara dos Deputados.
Fonte: Diário do Nordeste
Postado por Raimundo Lima
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