O impacto da crise do coronavírus começa a ser mensurado, e o Ceará
já pode ser apontado como a unidade da Federação que registrou a maior
queda real na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e
Serviços (ICMS) em maio. Segundo um levantamento da Federação Brasileira
de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) e da
Associação dos Auditores Fiscais da Receita Estadual e dos Fiscais do
Tesouro Estadual do Ceará (Auditece), o Estado teve uma queda de 38,6%
no valor recolhido pelo tributo em maio. Já em abril, o Ceará só não
registrou uma redução maior do que o Piauí em termos percentuais.
Segundo uma nota publicada pelas instituições, o Governo do Estado
arrecadou R$ 641,588 milhões em maio deste ano, o que indica a queda de
38,6% ante o valor registrado em igual período de 2019 (R$ 1,025
bilhão). A comparação referente a abril de 2020 e 2019 indica uma queda
de 26,31% - R$ 778,876 milhões ante R$ 1,026 bilhão, respectivamente.
De acordo com o diretor de estudos técnicos da Febrafite, Juracy
Soares, o Ceará foi um dos estados que mais sentiu o impacto da redução
da atividade econômica na arrecadação de impostos durante a crise do
coronavírus pela dinâmica atual de concessão de benefícios fiscais. Ele
defendeu que, como as grandes empresas recebem isenções fiscais ao se
instalar no Ceará, boa parte da carga de impostos locais ficaria
concentrada nas médias empresas, a faixa mais afetada pelas medidas de
isolamento.
"O sistema tributário brasileiro tem problemas que afloram durante
uma pandemia, e ele tira dinheiro dos mais pobres e leva para os mais
ricos. E temos um sistema de concessão de incentivos tributários que
gera outra distorção. As empresas quando vão se instalar barganham e
recebem isenções então as empresas de médio porte que sustentam a
arrecadação de ICMS no Ceará", explicou Soares.
O representante da Febrafite sugeriu que o Estado precisará rever a
política de incentivos, fazendo uma nova checagem para saber onde fazer
novas concessões.
Reestruturação
Ele também ressaltou que o Governo do Estado precisa começar a pensar
em um plano de reestruturação fiscal, com medidas que não dependam do
Congresso Nacional ou da União enquanto aguarda uma reforma tributária
geral.
E para auxiliar o Estado, a Auditece e a Febrafite enviaram uma lista
com 20 sugestões com ações fiscais para contornar a crise. Entre as
medidas está o recadastramento dos contribuintes para evitar sonegação
de impostos, por exemplo. "Está faltando da Secretaria da Fazenda
(Sefaz) uma atenção dos setores que estão sonegando impostos e temos de
rever os benefícios fiscais porque estamos sobrecarregando as médias
empresas para isentar as grandes empresas", disse Soares.
Ontem (19), a Sefaz confirmou que enviou um pacote com 30 medidas de
apoio ao contribuinte durante a pandemia do novo coronavírus. O texto
será avaliado pelo governador Camilo Santana.
Fonte: Diário do Nordeste
Postado por Raimundo Lima
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