Pesquisadores de todo o mundo buscam por uma candidata
segura e eficaz para vacina contra
o novo coronavírus.
Até a última atualização desta reportagem, em 21 de outubro, a Organização
Mundial da Saúde (OMS)
já havia registrado cerca de 179 pesquisas em desenvolvimento, com ao
menos 44 delas sendo testadas em humanos – destas, 10
estão na terceira e última fase.
A China é
o país com mais candidatas em Fase 3 na corrida por uma imunização, com
quatro vacinas experimentais (leia mais sobre as etapas adiante); Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e Rússia também
têm pesquisas avançadas. Veja quais são as 10 vacinas nesta etapa:
Vacinas em Fase 3 dos testes em humanos
Laboratório
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Nome da vacina
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Tipo de imunização
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País
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Janssen Pharmaceutical Companies
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Ad26 SARS-CoV-2
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Vetor Viral
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EUA
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Moderna/Instituto Nacional de Alergia e Doenças
Infecciosas
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mRNA 1273
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Genética
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EUA
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BioNTech/Fosun Pharma/Pfizer
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BNT162
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Genética
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EUA, Alemanha
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Universidade de Oxford/AstraZeneca
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AZD1222
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Vetor Viral
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Reino Unido
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Sinovac
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CoronaVac
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Inativado
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China
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Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan/Sinopharm
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?
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Inativado
|
China
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Instituto de Produtos Biológicos de Pequim/Sinopharm
|
?
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Inativado
|
China
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CanSino Biological Inc./Instituto de Biotecnologia de
Pequim
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AD5-nCov
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Vetor Viral
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China
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Novavax
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NVX-CoV2373
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Subunidade de proteína
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EUA
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Instituto de Pesquisa Gamaleya
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Sputinik V
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Vetor Viral
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Rússia
|
Fonte: Organização Mundial da Saúde
Sputnik V (Rússia)
A vacina russa Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto
Gamaleya está, segundo a OMS, na terceira fase de testes em humanos. O estudo mais recente publicado na revista
científica "The Lancet" em 4 de setembro indicou que a candidata
russa não teve efeitos adversos e induziu resposta imune.
Os cientistas reconheceram, no entanto, a necessidade
de mais testes para comprovar a eficácia da vacina. Ainda assim, o governo
da Rússia já autorizou a produção deste imunizante em grande escala, medida que
foi criticada pela comunidade internacional.
AZD1222 (Reino Unido)
Mais conhecida no Brasil como a vacina da Universidade
de Oxford, a AZD1222 é a que está há mais tempo na Fase 3 dos testes em
humanos. Ela usa um adenovírus que afeta chimpanzés para transportar o RNA do
Sars-Cov-2 para dentro do corpo humano.
Ela começou seus testes em milhares de voluntários ainda em
abril e foi a primeira a ser testada no Brasil, com 5 mil voluntários em 3
estados. Segundo o Ministério da Saúde, caso seja aprovada na terceira fase, 30
milhões de doses dessa vacina serão distribuídas
no Brasil em janeiro de 2021.
mRNA1273 (EUA)
A candidata da farmacêutica norte-americana Moderna,
desenvolvida com apoio do governo dos Estados Unidos, é feita a partir do
RNA mensageiro – por isso o nome mRNA – que introduz no corpo humano um
pedaço do código genético da proteína S do vírus, ensinando-o como responder a
uma futura infecção.
A vacina recebeu uma autorização especial da agência de
vigilância sanitária dos EUA (FDA da sigla em inglês) que autorizou a
equipe de pesquisadores a avançar, de maneira mais rápida, para as fases finais
do estudo.
CoronaVac (China)
A candidata da chinesa Sinovac é testada no Brasil com
o apoio do Instituto Butantan (SP). Ela teve seus primeiros resultados
anunciados em junho, sem efeitos adversos graves e produção de
resposta imunológica em 743 voluntários iniciais.
Ela é uma vacina de vírus inativado, o que quer dizer
que é feita a partir do vírus morto ou por partes dele – incapazes de se
replicar. No final de agosto, o governo chinês autorizou o uso emergencial
desta vacina no país para pacientes expostos ao risco, como trabalhadores
da saúde e agentes de fronteira (veja o vídeo abaixo).
BNT162 (EUA e Alemanha)
A candidata da farmacêutica norte-americana Pfizer,
desenvolvida em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, também
usa o mRNA para codificar proteínas virais. Ela começou a ser testada na Fase 3
no final de julho.
A candidata é testada em voluntários brasileiros desde o
começo de agosto e ela se mostrou promissora em sua fase inicial. Um artigo
publicado no dia 20 de julho como prévia (pré-print), apontou que a substância
é segura e capaz de induzir resposta imunológica.
Sinopharm (China)
Testada nos Emirados Árabes, a vacina da Sinopharm em
parceria com o Instituto de Produtos Biológicos de Wuhan poderá estar
pronta no final de 2020, segundo executivos da farmacêutica. A candidata a
vacina chinesa será
testada no Brasil em um acordo com o governo do estado do Paraná.
A Sinopharm também testa uma segunda candidata de vírus
inativado, feita com o Instituto de Produtos Biológicos de Pequim: 5 mil
voluntários nos Emirados Árabes já foram vacinados e outros 5 mil receberam a
imunização na capital chinesa.
AD5-nCov (China)
A candidata chinesa da CanSino Biological, uma das quatro
testadas no Brasil, está na sua terceira fase clínica. A AD5-nCov começou sua
prova de segurança logo em março com um ensaio controlado com 500 participantes
em que provou que induz a criação de anticorpos.
Os resultados das pesquisas devem ser divulgados entre
dezembro de 2020 e janeiro de 2021, segundo os cientistas, mas antes disso, o
governo chinês já concedeu sua primeira patente, isso significa que a CanSino
tem a propriedade sobre a vacina e o direito de vender as doses.
Ad26 SARS-Cov-2 (EUA)
A candidata norte-americana da Janssen Pharmaceutical, que
recebeu autorização da Anvisa para ser testada no Brasil, também está em sua
terceira e última fase de testes em humanos. Ainda não há informações sobre
voluntários ou institutos responsáveis pela aplicação dos testes.
NVX-CoV2373 (EUA)
A segunda
candidata norte-americana a entrar na última fase de testes é da
empresa de biotecnologia Novavax. De acordo com a companhia, o imunizante tem
duas doses que, na primeira fase, apresentaram "resposta robusta" de
anticorpos e "foram bem toleradas" pelos 131 voluntários que
participaram da pesquisa.
O método testado pela Novavax se chama "vacina
recombinante". A empresa usou engenharia genética para cultivar réplicas
inofensivas da proteína que o novo coronavírus usa para entrar nas células do
corpo em meio a células de insetos, em laboratório. Os cientistas extraíram,
purificaram a proteína e a embalaram em nanopartículas do tamanho do vírus.
Etapas para a produção de uma vacina
Para se produzir uma vacina, leva tempo. A mais rápida
desenvolvida até o momento foi a vacina contra a caxumba, que precisou de cerca
de quatro anos até ser licenciada e distribuída para a população.
Antes de começar os testes em voluntários, a imunização
passa por diversas fases de experimentação pré-clinica (em laboratório e com
cobaias). Só após ser avaliada sua segurança e eficácia é que começam os testes
em humanos, a chamada fase clínica – que são três:
- Fase
1: é uma avaliação preliminar da segurança do imunizante, ela é
feita com um número reduzido de voluntários adultos saudáveis
que são monitorados de perto. É neste momento que se entende qual é o
tipo de resposta que o imunizante produz no corpo. Ela é aplicada em
dezenas de participantes do experimento.
- Fase
2: na segunda fase, o estudo clínico é ampliado e conta com centenas
de voluntários. A vacina é administrada a pessoas com características
(como idade e saúde física) semelhantes àquelas para as quais a nova
vacina é destinada. Nessa fase é avaliada a segurança da vacina,
imunogenicidade (ou a capacidade da proteção), a dosagem e como deve
ser administrada.
- Fase
3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que
precisa fornecer uma avaliação definitiva da sua eficácia e segurança em
maiores populações. Além disso, feita para prever eventos adversos e
garantir a durabilidade da proteção. Apenas depois desta fase é que se
pode fazer um registro sanitário.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
para se fazer um ensaio clínico no Brasil, é preciso da aprovação do Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), órgão vinculado ao Ministério da Saúde.
Os voluntários são recrutados pelos centros de pesquisa.
Fonte: Portal G1
Postado por Raimundo Lima