Os médicos podem paralisar as atividades em Fortaleza por
solidariedade à pediatra e neonatologista Mayra Pinheiro, que foi
desligada das atividades do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), na semana
passada, após 15 anos de serviço. Ela havia retornado às atividades
após ficar em quarto lugar na disputa ao Senado Federal nas eleições
2018.
A Associação Médica Cearense (AMC) e o Sindicato dos Médicos do Ceará
vão convocar os profissionais ainda essa semana para discutir a medida
em assembleia geral.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes,
eles pretendem mobilizar outros profissionais de saúde por considerar a
demissão da profissional uma atitude inaceitável. “Principalmente os
que trabalham no HGF e conhecem a Dra. Mayra e o trabalho dela. Tem sido
muito comum esses dias as pessoas a abordarem mostrando a indignação
delas quanto a isso”.
As entidades médicas cearenses entendem que o desligamento de Mayra,
que até o começo do ano presidia o Sindicato dos Médicos, foi motivado pelas denúncias que a profissional fazia desde 2015 relacionadas à precariedade do atendimento no HGF.
Há mais de uma semana, ela havia publicada um novo vídeo mostrando o corredor do
HGF com vários pacientes à espera de atendimento. A pediatra classifica
o desligamento como retaliação e está entrando na justiça
reivindicando, entre outras medidas, danos morais e reintegração da
vaga.
Ela pretendia voltar aos plantões no final de semana, mas já havia
sido substituída por outro médico. “O hospital ligou para coordenadora
do serviço dizendo que eu não poderia ir pro plantão, que já tinha
colocado outra pessoa no lugar”.
Ainda segundo Mayra, essa atitude se configura como uma falta de
ética grave. “Eu ainda não tive direito à defesa. A Cooperativa dos
Pediatras me deu 15 dias para eu apresentar a resposta sobre o que foi
denunciado pelo hospital e ainda sim fui substituída por outro colega
médico”. A pediatra preferiu não comparecer aos plantões por
recomendações de seus advogados.
O caso também ganhou repercussão entre entidades ligadas à saúde em
âmbito nacional. A Associação Médica Brasileira (AMB) classificou o
desligamento como uma tentativa de intimidação. “A AMB e a AMC repudiam a
demissão motivada por questões políticas, além de representar tentativa
de intimidação”.
De acordo com nota da Federação Médica Brasileira, o caso é
inaceitável. “O Sindicato dos Médicos do Ceará, solicitará
esclarecimentos acerca do ocorrido e tomará todas as providências
cabíveis no sentido de resguardar a profissional de todo e qualquer
abuso de poder por parte da gestão estadual”.
A pediatra comentou que uma petição pública pedindo retratação por
parte do Governo do Estado também foi lançada. “Os médicos iniciaram
esse final de semana uma petição pública, que está sendo divulgada pelos
médicos brasileiros solicitando a demissão do diretor do Hospital
Geral, que foi o responsável por essa atitude, pedindo ao governador
Camilo Santana que seja feita uma retratação e ao secretário estadual de
saúde também”.
Uma audiência pública para discutir o caso da médica também é
planejada e representantes do Ministério Público do Estado (MPCE), OAB e
Conselho Regional de Medicina (CREMEC) vão ser convocados. De acordo
com o presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes, a audiência
servirá para mostrar as falhas reais que a médica apresentava. “A Dra.
Mayra sempre tentou mostrar que lutava sozinha, que o governo não
prestava atenção no que ela estava dizendo”.
A Tribuna BandNews FM entrou em contato com a assessoria de imprensa do HGF e aguarda resposta.
Fonte: Tribuna do Ceará
Postado por Raimundo Lima
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