quinta-feira, 2 de junho de 2011

Mudança na carga horária escolar: quanto vale 50 minutos?

Nesta semana, numa matéria veiculada pelo jornal O Povo, mais um questionamento quanto à educação no Brasil foi levantado: Você é a favor da mudança na carga horária das escolas de 800 para 960 horas/aula? Esse era o título da matéria. O Senado já aprovou, o projeto agora precisa passar pela Câmara dos deputados e ser sancionado pela presidenta Dilma. A mudança na carga horária proporcionará o aumento de 50 minutos na rotina escolar das escolas de Ensino Médio e de Ensino Fundamental. Se realmente for aprovada, a mudança virará lei em 2014, tempo considerado suficiente para as escolas se adaptarem.
 
Diante da aprovação do senado, é preciso expor a eficiência e o quanto é importante essa decisão e se outras não deveriam ser postas em prática. Logo, pode-se afirmar, ela não deveria ter sido a primeira. Pensar-se numa educação eficiente não é aumentar o tempo de aula, mas aumentar-se a competência em geri-lo. De nada valerá 50 minutos a mais se esses minutos não são aproveitados.
 
O aumento da carga horária evidencia o quanto a educação brasileira tem se constituindo como uma verdadeira prisão intelectual. Não se assuste, leitor, se a palavra “prisão” é forte, mas ela é a que mais se adéqua ao que está sendo falado.  Há muito tempo a liberdade intelectual dos alunos é atrofiada, se massifica tudo, não se valoriza a criatividade individual, bem como a junção das individualidades. Os alunos estão perdidos dentro de si mesmos, não são estimulados a ir ao colégio, são obrigados; logo, é uma prisão, e com o aumento, os alunos são obrigados a pagarem mais 50 minutos de “pena”.
 
Além disso, aumentar-se o tempo é também aumentar a infinidade de números que compõem as estatísticas sobre a educação brasileira. Vivemos em uma guerra entre a quantidade e a qualidade, o Brasil se transformou em um número em série, e os números são falhos, maquiados. Não é a toa que mesmo sendo tão maquiados, ainda assim eles não são bons. E quando tirada a máscara, são ainda piores.
 
 Antes fosse melhorar o salário dos professores; melhorar as estruturas dos colégios; utilizar-se de forma mais coerente as novas tecnologias; pensar-se numa educação pautada na troca e formação de conhecimentos entre alunos e professores; pensar-se nas artes como estimuladoras do gosto de ir ao colégio e de permanência lá, artes como a dança, o teatro, a literatura, a música, enfim. Antes pensar em tantas coisas que vêm antes na ordem de eficiência.
 
E por fim, é válido lembrar, que não se defende aqui uma educação mesquinha e exageradamente sonhada, defende-se a educação que pode ser real, mas que tem esbarrado na realidade do Brasil.

Por isso, aumentar a carga horária não serve, há muito a se fazer, e isso é muito pouco, pouco de mais para a dimensão de um país tão grande como o nosso.

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