Eleitores desencantados de Lula ou de centro se perguntam como um
candidato inteligente, com uma visão profunda de país, história limpa,
realizações, pode patinar em torno de 5% nas pesquisas há um ano.
Mas ora, convenhamos, a resposta é bastante óbvia, embora complexa.
Em primeiro lugar Ciro não decola simplesmente porque não tem um meio
para se comunicar com os eleitores. Ele está fora da Globo por exemplo
desde o primeiro turno de 2002. Os grandes jornais brasileiros só o
noticiam quando ele responde alguma pergunta sobre Lula, sempre com o
objetivo de intrigá-lo com o eleitorado petista. A maior parte da
blogosfera ligada ao PT, de alcance muito menor, só o citava na época de
sua luta contra o golpe, hoje, geralmente só o noticia para intrigá-lo
ou até atacá-lo violentamente. Sobra a Ciro no momento como canal para
sua mensagem o olho no olho no mundo universitário e setores sindicais,
assim como o espontaneísmo de simpatizantes nas redes sociais.
Em segundo lugar, se soma a isso a falta de recall. Ciro não disputa uma
eleição nacional desde 2002 e uma eleição qualquer desde 2006, ao
contrário de seus concorrentes diretos Lula, Marina, Alckmin e
Bolsonaro. Seu eleitorado hoje se concentra no conhecimento do eleitor
cearense e na classe média de esquerda, que busca ativamente notícias.
E então temos o terceiro motivo: há hoje na rede máquinas artificiais
imensas que vêem acertadamente em Ciro o discurso mais ameaçador para os
interesses internacionais e rentistas no país. A "guerra híbrida"
lançada contra o Brasil em 2013 já voltou suas baterias contra aquele
que defende mais claramente os interesses nacionais. Blogs de fake news
construídos para públicos específicos criam e espalham notícias falsas
sobre ele, principalmente via Whatsapp. Grupos fascistas ou
antinacionais como a rede de Bolsonaro, o MBL, a rede de Doria, sites de
difusão de ideias liberais já identificaram em Ciro o grande opositor
ideológico do processo de desmonte nacional e o agridem pessoalmente de
forma constante e implacável. Ciro por sua vez continua, sem dinheiro ou
estrutura, cruzando o país ao lado unicamente de seu assessor pessoal,
como um Quixote brasileiro. A sua defesa é realizada unicamente por
leitores espontâneos de notícias e artigos, convenientemente lançados
pelos logaritmos dos grandes jornais para longe dos comentários
visíveis.
Por fim, o quarto e principal motivo: a perseguição implacável da
imprensa e de setores do judiciário a Lula. Somada essa à memória de seu
bom governo e ao desastre resultado do golpe de 2016, Lula se tornou um
candidato imbatível, que cresce diminuindo o espaço de todos os
concorrentes. Isso atinge principalmente Ciro, que tem base eleitoral em
regiões e perfis políticos semelhantes.
Apesar disso tudo se bate e se tenta ridicularizar Ciro. Por quê?
Porque ele é a aposta mais provável hoje de presença no segundo turno de 2018, havendo eleição.
Sim, porque Lula será impedido de disputar pelo Judiciário, e nesse
cenário Ciro está em terceiro lugar em todas as pesquisas. Comparemos
suas dificuldades com as facilidades de Doria. Prefeito da maior capital
do país, coberto diariamente por uma mídia favorável, montou para sua
aventura presidencial imensa máquina virtual, contratando cinco
programas de big data e pesquisas qualitativas orientando a construção
de sua imagem e discurso. Apesar disso, a candidatura de Doria a
presidência hoje está morta eleitoralmente. Já Marina se provou em duas
eleições uma candidata fraca e sem substância, e apoiou não só Aécio no
segundo turno de 2014 como também o golpe que hoje destrói a vida do
brasileiro. Conta com uma rejeição idêntica a de Ciro. Bolsonaro é um
candidato radical e com imensas fragilidades pessoais e ideológicas que
serão massacradas na campanha, e já parece ter alcançado seu ponto de
resistência. Alckmin está afetado pelo desgaste de várias denúncias de
corrupção dentro e fora da lava-jato, e carrega o peso de ser o
candidato do golpe e do PSDB.
O eleitor revela novamente neste Datafolha que procura um perfil de
candidato que nunca tenha se envolvido com corrupção (87%), tenha
experiência administrativa (79%), passado político conhecido (65%) e de
preferência experiência na iniciativa privada (59%). Ciro é o único que
cumpre esses requisitos.
Os impedimentos ao crescimento de Ciro, uma vez que Lula não se
candidate, seriam facilmente removíveis com uma aliança partidária entre
PDT, PSB , PCdoB e PPL e o investimento em uma estrutura profissional
de comunicação na rede (o único canal disponível a ele).
Chegando ao inicio dos debates e do horário gratuito eleitoral em
terceiro lugar, todos sabem que Ciro se torna a aposta mais provável num
segundo turno, onde tudo pode acontecer.
Se essas condições, no entanto, não se materializarem, não tampouco sua
candidatura deveria ser objeto de ataques e ironias por parte de quem se
considera progressista ou patriota. O que importa a nós que apoiamos
sua candidatura em qualquer cenário é que Ciro está falando aquilo que
deveria ter sido falado há anos nesse país, denunciando mais de duas
décadas de rentismo e o desmonte do Estado brasileiro. Ele está
discutindo um projeto nacional que o país precisa desesperadamente e é o
candidato mais preparado para assumir a presidência nesse momento
crítico da história brasileira.
Sua candidatura é a mais vital ao debate político no Brasil hoje.
(Fonte: Central Político)
Postado por Raimundo Lima
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