A Caixa Econômica Federal anuncia amanhã (5) o cronograma de
liberação do saque imediato de parcela de até R$ 500 por conta ativa ou
conta inativa do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Conforme
a Medida Provisória nº 889, as liberações ocorrerão de setembro deste
ano a março de 2020.
A projeção do Ministério da Economia é alcançar 96 milhões de
trabalhadores e injetar R$ 30 bilhões na economia – R$ 28 bilhões em
2019 e R$ 12 bilhões em 2020.
A indústria e o comércio têm expectativa de aquecimento econômico com
a liberação desses recursos. Segundo o economista Marcelo Azevedo, da
Confederação Nacional da Indústria (CNI), “é uma medida de curto prazo
que é fundamental para a retomada da economia. Se as medidas de longo
prazo [como as reformas da Previdência Social e tributária] vão ajudar a
sustentar [o crescimento], medidas como liberação de recursos têm
potencial de, no curto prazo, uma injeção necessária para o primeiro
arranque na economia”, defende.
Consumo
A liberação do FGTS pode estimular o consumo e reduzir o estoque de
artigos já produzidos pela indústria, movimento importante para preparar
a retomada do ciclo econômico mais positivo. A CNI, no entanto, ainda
não tem uma estimativa desse eventual efeito.
Com dinheiro extra na mão, o trabalhador poderá ir às compras ou
acertar o pagamento de dívidas. Segundo o Ministério da Economia, 23
milhões de pessoas poderão quitar suas dívidas com o saque imediato do
FGTS.
“Mesmo que as famílias priorizem os pagamentos de dívidas. Isso
também acaba ajudando o consumo”, assinala Marianne Hanson, economista
da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Segundo ela, o pagamento de dívidas diminui o comprometimento da renda
das famílias e retiram da inadimplência quem tem contas em atraso.
Projeção da CNC indica que com a liberação do FGTS pelo menos R$ 7,4
bilhões poderão migrar para o comércio varejista com a compra de bens
duráveis e não duráveis. O efeito poderá ser potencializado, pois
durante o período de liberação ocorrerá o pagamento do 13º salário.
Hanson tem expectativa de que o crescimento do consumo abra mais vagas
temporárias no comércio e aumente a renda das famílias onde há
desempregados.
O consumo das famílias é responsável por R$ 6 de cada R$ 10 da
demanda agregada que estimula o crescimento do Produto Interno Bruto
(PIB), indicador que mede o fluxo de novos bens e serviços finais
produzidos. No último ano, o PIB do comércio apresentou crescimento de
2,3%; e a indústria aumento de 0,6%. O PIB 2018 de toda a economia
cresceu 1,1%.
Saque aniversário e construção civil
Além do saque imediato, a MP 889 traz a modalidade do saque
aniversário que prevê, a partir de 2020, a possibilidade de o
trabalhador retirar, anualmente, um percentual de seu saldo no FGTS. A
expectativa do Ministério da Economia é de que o saque aniversário dê
aos trabalhadores acesso a R$ 12 bilhões.
A liberação dos saques depende, no entanto, da adesão individual do
trabalhador. As duas modalidades de saque criadas pela MP somam R$ 42
bilhões para serem liberados em 16 meses (quatro de 2019 e doze de
2020).
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção
(CBIC), José Carlos Martins, a liberação dos saques deve ser efetiva
para o aquecimento da economia, por meio do consumo.
Ele, no entanto, demonstra preocupação com a manutenção da capacidade
de financiamento do FGTS para o setor de construção civil. “Aquecendo a
economia e não havendo perda já é muito bom. O que a gente precisa ver é
como isso vai ser acontecer para que, ao longo do tempo, não tenha
buraco de falta de recurso ou alguma coisa desse tipo”, escreveu em nota
à Agência Brasil.
Martins sublinha que o anúncio da manutenção do financiamento de
obras de habitação e infraestrutura por meio do FGTS deixou o setor
otimista. “A veemência com que o presidente, ministros, secretários e
presidentes de bancos estatais garantem que não haverá efeitos na
construção nos tranquiliza em relação aos contratos que nós temos
assinados e que têm desembolsos futuros”.
De acordo com o Ministério da Economia, as contas dos trabalhadores no FGTS somam R$ 419 bilhões.
Fonte: (Agência Brasil)
Postado por Raimundo Lima
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