domingo, 20 de agosto de 2017

Oposição em 2018. Partidos buscam um anti-Camilo no Ceará

A menos de um ano da definição de chapas da disputa de 2018, a oposição ainda não debateu abertamente o tema. A indefinição pode "rachar" grupo em diversas candidaturas

 

Pela primeira vez em décadas, a base aliada do governo definiu chapa para as eleições estaduais antes da oposição no Ceará. Fechando questão na busca pela reeleição de Camilo Santana (PT) ao lado dos irmãos Cid e Ciro Gomes (PDT), governistas acenderam “sinal amarelo” entre os opositores, que já ampliam articulações de olho em 2018.
No maior bloco de oposição do Estado, PMDB/PSDB/PR, conversas seguem apenas nos bastidores. No centro do impasse, desdobramentos da crise nacional e indefinição sobre se as siglas marcharão juntas ou terão candidaturas próprias. Se faltam nomes definidos, sobram teses diversas sobre qual deve ser perfil do candidato “anti-Camilo”.
“Tem que ser alguém limpo (...) corajoso, que enfrente os vícios existentes na administração pública, e tem que ser agregador, alguém que faça uma nova política”, diz Capitão Wagner (PR). Segundo colocado na disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2016, o deputado tenta emplacar a própria candidatura ao governo e defende a antecipação do debate eleitoral entre siglas da oposição.
Wagner inclusive tem ampliado sua influência para outros partidos, com possível migração do deputado federal Cabo Sabino - outro defensor da antecipação do debate - do PR para o Podemos. A questão, no entanto, ainda é evitada pelos senadores Eunício Oliveira (PMDB) e Tasso Jereissati (PSDB), principais lideranças de seus partidos no Estado. Apesar da “pressa” de Wagner, eles aguardam desdobramentos da crise política em Brasília.
Embora admita nos bastidores abrir mão da disputa pelo governo apenas caso Tasso seja candidato, Eunício ainda evita o assunto de forma aberta. O senador, no entanto, tem apostado em perfil tradicional, articulando bases partidárias e centrando críticas a áreas como segurança e saúde.
 Perfil “gestor”
Já o líder tucano, alvo de pressão para entrar na disputa, nega interesse e prega renovação política. A recusa pode levar a candidato “surpresa”, com o PSDB articulando nome do empresário Geraldo Luciano para a vaga.
Diretor do grupo M. Dias Branco, Luciano aposta no perfil “outsider”, semelhante ao do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). “Não é uma questão do Ceará, é do País inteiro. É óbvio que uma experiência em gestão ajuda bastante. O que é mais procurado hoje é quem consiga levar modelos de gestão adiante”, diz.
Luciano, no entanto, nega ser filiado ou ter recebido qualquer convite formal. “Mas seria uma honra”, diz. “A crise deixou claro: Precisamos de equipes, de boa aplicação de recursos”, conclui.

Tasso Jereissati
Vantagens: É o candidato favorito de políticos tradicionais de oposição no Estado, com o próprio Eunício admitindo sair do páreo caso o tucano confirme candidatura. É representante de movimento de reestruturação do PSDB que pode crescer com candidato competitivo da sigla à Presidência..
Desvantagens: É um dos políticos mais tradicionais do Estado, em época de descrédito generalizado com a classe política. Seu partido, o PSDB, também aparece com destaque no escândalo de corrupção apurado pela Lava Jato.
Estratégias: Tem focado atuação em Brasília, liderando movimento que busca fazer mea culpa sobre erros da sigla nos últimos anos. Apesar disso, também trabalha estruturação de comitês tucanos pelo interior do Estado. É peça-chave na articulação da candidatura de Geraldo Luciano no Estado.
Eunício Oliveira
Vantagens: Possui hoje o cargo mais influente e poderoso do cenário nacional entre todos os políticos cearenses. É também do PMDB, sigla que comanda a Presidência da República, além de diversos órgãos federais com sedes no Ceará.
Desvantagens: Político tradicional, foi citado em delações da Lava Jato. Apesar das vantagens do poder do Planalto, carrega o “peso” de ser aliado próximo do presidente Michel Temer, governo muito mal avaliado pela população do Estado.
Estratégias: Representante maior do Planalto, tenta acumular capital político com ações do governo federal no Estado. Faz diversas intervenções em temas populares em Brasília, como na defesa por reajuste acima da inflação do salário mínimo ou contra aumento de impostos.
Capitão Wagner
Vantagens: Entre os pré-candidatos da oposição, é o que tem hoje maior “recall” inicial das urnas, por conta de sua candidatura à Prefeitura de Fortaleza em 2016. Não é visto como político “tradicional”.
Desvantagens: Apesar das expressivas votações nas últimas disputas do Estado, não possui controle de estruturas partidárias como Eunício e Tasso. Sem controle total nem mesmo sobre o seu partido, o PR, depende da negociação com siglas do bloco de oposição.
Estratégias: Tem mantido intensa agenda de eventos e palestras pelo interior do Estado. Articula movimento dentro do PR que cobra antecipação da discussão da candidatura de oposição para 2018. Também tenta expandir sua influência para o Podemos, com migração do deputado federal Cabo Sabino (PR).
Geraldo Luciano
Vantagens: Executivo empresarial de perfil gestor e sem raízes políticas profundas, se enquadra no perfil de “outsider” da política tradicional, um dos mais cobiçados por candidatos de oposição no País desde vitória de João Doria no 1º turno em São Paulo.
Desvantagens: É um total desconhecido da maioria da população, além de não possuir qualquer experiência na disputa por cargos públicos. Possuiria ainda relação com um “padrinho” tradicional, caso de Tasso Jereissati.
Estratégias: Apesar de ainda evitar o tema, tem investido na participação de eventos do setor produtivo do Estado. Em passagem de João Doria pelo Ceará na última sexta-feira, teve posição privilegiada no evento e chegou a receber citação e elogios diretos do prefeito.

(Fonte: O Povo)
Postado por Raimundo Lima

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