O senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB, revelou ao Estado que
não pretende disputar a presidência do partido no dia 9 de dezembro,
quando ocorrerá a convenção nacional tucana. A ideia, diz ele, é abrir
espaço para um nome que seja "cabeça-preta de mentalidade". O dirigente
também afirmou que o governador Geraldo Alckmin é o primeiro na fila
para disputar a Presidência da República em 2018. Sobre o fato de o
senador Aécio Neves (MG) continuar como presidente licenciado, foi
taxativo: "O presidente do partido sou eu e só eu".
O senhor pretende disputar a presidência do PSDB na convenção do partido marcada para dezembro?
Não. Faço questão de conduzir o processo com bastante isenção. Por
isso, não devo ser candidato à presidência do PSDB. Defendo que seja um
nome novo, alguém da nova geração e com mensagem mais fresca.
Quais nomes se encaixam nesse perfil?
São muitos nomes bons na Câmara, Senado e entre os prefeitos. Se eu
falar de algum específico, isso acabaria ferindo ou esquecendo alguém. A
quantidade de quadros novos que está surgindo no partido me entusiasmou
a fazer esse movimento.
A ideia é que um “cabeça-preta” assuma o comando do PSDB e lidere o partido em 2018?
Um cabeça-preta de mentalidade. Não estou excluindo ninguém.
Veja abaixo os principais cabeças-pretas:
O que deve mudar no estatuto?
Encarreguei o deputado federal Carlos Sampaio (SP) de organizar um
grupo para discutir o novo estatuto. Ele está começando a trabalhar
nisso esta semana.
A atual direção executiva nacional do PSDB tem um perfil muito parlamentar. Deve ocorrer alguma mudança na configuração?
A gente sente que há muita distância dos prefeitos. Eles estão na ponta
do partido e vivem o dia a dia. Defendo que haja uma participação dos
prefeitos, talvez com mais de um na executiva. Deve ter também uma
participação dos presidentes regionais.
Desde a fundação do PSDB, em 1988, nunca houve
uma disputa de teses em convenção nacional. Ficou essa fama de partidos
de caciques. Isso deve mudar?
A disputa é de ideias. Ao longo desse período (até dezembro)
serão discutidas ideias e teses. Em paralelo, teremos o novo estatuto e
programa do partido. Se não tiver um nome de consenso (para a presidência), então vai ter disputa. Tudo pode acontecer. Sempre tem a primeira vez.
Há vários grupos se aproximando do partido, como o MBL. Qual o objetivo disso?
Estamos abertos. Queremos receber a influência de todos esses
movimentos que estão nascendo por aí, que são influenciados pelas redes
sociais. Vamos conversar com todos. São muito importantes na formação de
opinião pública. Temos que estar antenados com todos.
Avalia disputar o governo do Ceará?
Não pretendo mais voltar ao Executivo. Também defendo a renovação no Ceará. O ideal é um processo de renovação lá também.
Qual é a sua relação com o governador Camilo Santana, do PT?
A relação pessoal é ótima. Nossas posições políticas são diferentes,
especialmente no plano nacional. Mas ele é uma pessoa bem intencionada.
Quer dizer que, no Ceará, o PSDB não vai fazer um discurso antipetista, como o do João Doria, em 2018?
Nem no Ceará nem no Brasil. Não é o nosso estilo. Existem no partido
várias nuances e o João Doria representa uma delas. Mas na média do
PSDB, o discurso que queremos levar para a convenção não é anti, é pró.
Então o PSDB não deve polarizar com o PT?
Essa política de nós contra eles é um desserviço para o Brasil. Além de
dividir, traz violência, desrespeito e intolerância. É um péssimo sinal
para democracia.
O grupo de tucanos que defendem a permanência do PSDB no governo federal deve tentar emplacar um nome na convenção de dezembro?
Essa discussão de ficar ou sair está vencida no partido. Agora é olhar pra frente.
Acredita que essa bandeira do parlamentarismo vai mobilizar a militância do PSDB?
Vou me empenhar para quem sim. Acredito no parlamentarismo há muitos
anos. Essas crises políticas que têm afetado a vida do brasileiro desde a
redemocratização têm provado que o presidencialismo de cooptação (termo usado em vídeo mea-culpa do partido criado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso) está falido, quebrou.
Os quatro ministros do PSDB no governo podem ser considerados da cota pessoal do presidente Michel Temer?
Não acredito em cota pessoal. As posições do PSDB no Congresso em
relação às reformas e projetos importantes para o País não mudam um
milímetro pelo fato de ter ou não ministro. A presença deles no
ministério não tem influência na nossa posição política, nem na agenda
de reconstrução do partido. A agenda do governo pode ser uma e a do
partido outra. As agendas podem divergir.
A convenção vai marcar prévias para escolher o candidato à Presidência da República?
Se não chegarem a um consenso sobre o candidato, terá prévia.
O senhor esteve na quinta-feira (24) com o governador Geraldo Alckmin em Brasília. Qual foi a pauta?
Alckmin é uma das lideranças mais importantes do partido há muito tempo. Trocamos ideias sobre o futuro do partido.
O governador é hoje o nome mais bem posicionado para disputar o Palácio do Planalto em 2018?
Sim. Ele é o primeiro da fila.
E o João Doria?
Ele
também é um quadro. Foi eleito prefeito no primeiro turno e está
credenciado para disputar qualquer cargo neste País, mas dentro do
partido o Alckmin está à frente.
O que precisa mudar no PSDB, um partido considerado de caciques?
É preciso fazer uma autocrítica. Em alguns setores estamos distantes do
que a população quer da política. Temos que ir para a rua e ver onde
temos que melhorar. A militância do PSDB está desencantada com a
política. A política ainda é a base da democracia.
O senhor tentou entregar o cargo de presidente interino várias vezes, mas o Aécio não aceitou. Por quê?
Eu não queria assumir a presidência do PSDB. Assumi em uma emergência,
como coisa temporária. Não fazia parte do meu plano de vida.
Mas o fato é que até dezembro o partido continua
tendo dois presidentes, um alinhado com Temer e outra com posição mais
independente...
O presidente de fato do PSDB sou eu, e só eu. Isso foi acertado graças ao desprendimento do Aécio.
Fonte: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,alckmin-e-o-primeiro-da-fila-no-psdb-para-disputar-a-presidencia-em-2018-diz-tasso-jereissati,70001949956
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