Presidentes
da Aprece e da UVC dizem que gestores e legisladores ainda têm dúvidas sobre a
relação com o TCE
Já se
passaram 14 dias desde que a emenda constitucional que extinguiu o Tribunal de
Contas dos Municípios (TCM) foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE).
Tempo suficiente, até agora, para a judicialização imediata da matéria no
Supremo Tribunal Federal (STF) e, também, para serem tomadas as primeiras
providências em relação à redistribuição dos processos e à transferência de
competências daquela Corte de Contas ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), mas
não para dirimir dúvidas e incertezas de prefeitos e vereadores cearenses que,
até então, mantinham relações institucionais apenas com o TCM, que já não
existe mais.
Quem
observa isso são os presidentes das duas entidades representativas dos
Executivos e Legislativos municipais no Estado: a Associação dos Municípios do
Estado do Ceará (Aprece) e a União dos Vereadores do Ceará (UVC). Após terem
buscado o TCE, contudo, eles sinalizam boas perspectivas para a relação a ser
construída com o órgão e apostam que não haverá prejuízo às fiscalizações e à
assistência aos gestores e legisladores municipais, até então prestada pelo
Tribunal extinto.
Na última
terça-feira (29), o TCE realizou a redistribuição de cerca de 17.592 processos
dos municípios cearenses que tramitavam no TCM, referentes ao período
compreendido entre 2000 e 2017. O Tribunal informou, no mesmo dia, que ainda
serão distribuídos aos conselheiros da Corte de Contas Estadual 1.938 processos
relativos a recursos e outros 940 que dizem respeito a aposentadorias e
pensões. O Diário do Nordeste buscou o TCE para solicitar também o quantitativo
de processos que já tramitavam no Tribunal, de modo a dimensionar a atual
demanda total da Corte de Contas, mas até o fechamento desta matéria não obteve
retorno com os dados.
Fato é
que os números vão aumentar, mas o presidente do TCE, conselheiro Edilberto
Pontes, vem dizendo recorrentemente à imprensa que a fusão de atribuições dos
Tribunais não representará qualquer prejuízo ao desenvolvimento das atividades
no TCE. O discurso tem sido útil para "tranquilizar" gestores
municipais que, segundo o presidente da Aprece, o prefeito de São Benedito,
Gadyel Gonçalves, estavam pouco informados sobre a transição prevista na emenda
constitucional aprovada pela Assembleia Legislativa, que tem prazo inicial de
90 dias.
Repasse
De acordo
com ele, foi a incerteza exposta por prefeitos que buscavam a Aprece desde que
o TCM foi extinto que motivou reunião da entidade com o vice-presidente da
Corte de Contas, conselheiro Rholden Queiroz, na última segunda-feira (28).
"O motivo da nossa reunião foi essa explicação se haveria, de antemão,
alguma mudança que pudesse prejudicar os municípios, mas o que ele repassou é
que não, que todos os técnicos (do TCM), nesse primeiro momento, vão ficar nas
suas áreas, só os julgamentos que iriam para lá (TCE). A gente está tentando
repassar essa primeira reunião aos municípios", relata.
No
encontro, Gadyel Gonçalves deixou como sugestão ao então presidente em
exercício da Corte de Contas que sejam realizadas reuniões regionais para que o
TCE leve aos prefeitos explicações sobre o que será feito nos primeiros 90 dias
de transição. Ele também não acredita em prejuízos do novo momento, com a soma
dos processos, ao trabalho do Tribunal.
"A
gente acha que não vai ter nenhum acúmulo de processos. Vai ter uma quantidade
maior de julgamentos, mas todo o corpo técnico do TCM já está fazendo parte do
TCE, então a gente acredita que, da forma que está, não haverá nenhum prejuízo
aos municípios", afirma.
Gadyel
destaca que a Aprece, ao longo do imbróglio que culminou na extinção da Corte
de Contas Municipais, manteve imparcialidade sobre a questão. "A gente vai
procurar o TCE e buscar estar perto desse órgão para que possa orientar e
ajudar os municípios a terem administrações mais técnicas".
Entre os
vereadores, o diálogo com o TCE está alguns passos atrás. César Veras,
presidente da UVC e vereador do Município de Camocim, informa que a entidade já
buscou o Tribunal para marcar uma visita institucional e aguarda definição de
data.
Capacitações
"Nós
tínhamos um pacto de cooperação entre a UVC e o TCM, através da Escola de
Contas, onde mensalmente participávamos, junto com Câmaras de Vereadores, dos
cursos de capacitação que o Tribunal de Contas promovia junto às regiões, e
também na fiscalização dos gestores legislativos. Com essa fusão do TCM com o
TCE, estamos aguardando uma audiência com o presidente do TCE para saber como o
Tribunal de Contas do Estado vai se portar em relação às Câmaras", diz.
Durante
as discussões em torno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que viria a
extinguir o TCM, César Veras lembra que a UVC já havia se colocado a favor da
manutenção da Corte de Contas. Assim, é demanda da entidade, também, saber como
será o "acesso aos conselheiros" do TCE, porque, segundo ele,
"na ligação institucional que tínhamos com o Tribunal de Contas dos
Municípios nós tínhamos acesso ao órgão".
Gadyel
Gonçalves, por sua vez, aponta que, daqui para a frente, a Aprece buscará
"entender o trabalho do TCE" para, depois, "manter a parceria e
levar qualidade à administração".
(Fonte: Diário do Nordeste)
Postado por Raimundo Lima
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