O mesmo governador, mas um novo governo: esta é a expectativa de
secretários e de políticos sobre o segundo mandato de Camilo Santana
(PT), reeleito ao comando do Poder Executivo do Ceará. O petista tem o
desafio de, prestando atenção às mudanças na estrutura do governo
federal, reorganizar a máquina do Estado para enxugar gastos e garantir
melhorias no serviço público - ao mesmo tempo em que acomoda todos ou a
maior parte dos 24 partidos da base.
Aliados acreditam que haverá cortes
Não será tarefa fácil. Como um maestro que tem o papel de reger todos os
músicos para produzir um som único e harmonioso, Camilo tem de observar
toda a estrutura atual do governo e perceber onde o trabalho está
desafinado: isso significa uma possível extinção de pastas e troca de
secretários, além de fusão de funções e outras mudanças.
A tendência é que haja cortes e fusões, seja no primeiro, segundo ou
terceiro escalão do governo. Nos bastidores, fala-se até em cortes e
fusão de 11 secretarias, mas ainda sem confirmação oficial. Outra
possibilidade de mudança é na estrutura interna das pastas, que
atualmente contam com um secretário titular, um adjunto e um executivo.
As medidas, porém, ainda estão sendo guardadas a sete chaves pelo
governo. De férias, Camilo ficará alguns dias fora do Estado, longe de
pressões da imprensa e dos aliados. Antes, porém, no último dia 17, ele
recebeu o resultado de uma série de estudos que encomendou ao titular da
pasta de Planejamento e Gestão, Maia Júnior, que apresentou diretrizes
para enxugar a máquina e diminuir despesas.
Para traçar as estratégias, foram realizados estudos nas secretarias e
até mesmo uma consultoria privada foi contratada, a Elo Group. Velha
conhecida de Camilo, a empresa já prestou outros serviços para o Governo
do Estado e declara-se como uma consultoria de perfil "empreendedor" e
"inovador".
Maia Júnior evita antecipar qualquer informação. "O governador nos pediu
uma série de estudos, eles já foram apresentados, e agora estamos
aguardando o pronunciamento dele. Acredito que será feito em breve",
afirma. Ele admite somente que o objetivo principal é manter as contas
equilibradas para enfrentar o cenário imprevisível do novo governo
federal, que será comandado por Jair Bolsonaro (PSL).
O governador já admitiu que vai se preparar para o "pior cenário
possível". Deputados estaduais aliados, como é o caso do petista Elmano
de Freitas, concordam que o momento é de "prudência". "É prudente que a
projeção financeira para o próximo mandato seja mais conservadora,
porque o Ceará tem uma necessidade de aporte do governo federal para ter
um nível razoável de investimento", avalia.
Entre os atuais secretários, o clima é de ansiedade. De forma geral, os
titulares das pastas dizem não ter conhecimento sobre as mudanças. Em
off, alguns fazem apostas: a fusão das secretarias de Justiça e de
Segurança Pública, por exemplo, é um dos principais palpites. Há também
quem ache que a pasta de Cidades pode ser extinta, espelhando a medida
nacional.
Titular da Secretaria do Meio Ambiente, Artur Bruno diz que nem mesmo os
secretários sabem ao certo quais serão as mudanças. "O que sabemos é
que está se preparando uma grande reforma administrativa, que vai abrir
uma série de ações para diminuir os gastos", afirma. Ele aposta que
parte das medidas já devem ser enviadas à Assembleia Legislativa do
Ceará ainda este ano.
Fonte: O Povo
Postado por Raimundo Lima
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