O que ficou certo com o findar da campanha eleitoral deste ano é que
muitos partidos terão que se reinventar. Precisarão estar mais em
sintonia com as ruas ou com as redes sociais. Emedebistas e tucanos
sentiram o baque da queda e já sinalizam mudanças estruturais e de
comportamento das legendas nos próximos anos, com vistas a se inserir
novamente como partidos de maior expressão no País.
No Ceará, algumas lideranças partidárias do MDB e do PSDB já estão de
olho no pleito municipal de 2020, tanto na Capital como no Interior.
Para atingirem os objetivos vislumbrados, porém, as urnas indicaram
necessidade de mudar ações e programas internos.
No País, os emedebistas perderam metade dos votos para deputado
federal de uma eleição a outra, em números absolutos, elegendo apenas 34
deputados federais, ante os 66 eleitos em 2014. A sigla tucana, por sua
vez, perdeu praticamente a metade do eleitorado na disputa por cadeiras
na Câmara, elegendo somente 29 congressistas. Em 2014, foram eleitos
54.
Dirigente do PSDB no Estado, Luiz Pontes avalia que a situação em
âmbito nacional é "péssima". "Não dá mais, tem que pegar essas pessoas, o
Tasso (Jereissati), o Artur Virgílio, essas lideranças, e repensar. O
Alckmin é uma boa pessoa, mas não é homem para fazer essa transformação
que a sociedade exige e o PSDB também", argumenta. O senador Tasso
Jereissati, inclusive, tem papel estratégico no Congresso Nacional pelos
próximos quatro anos.
Para Pontes, é necessário "zerar tudo" e buscar um novo entrosamento
da sigla com a sociedade. "Do jeito que está, não adianta. O Tasso quis
fazer uma mudança quando o Aécio (Neves) foi afastado, mas não deu. Esse
pessoal aí, o Marconi Perillo, o Pestana, esse pessoal, tchau, acabou.
Ou faz um PSDB novo ou vai para outro partido ou forma um novo",
defende.
O deputado estadual Carlos Matos (PSDB) destaca a necessidade de
"refundar" as bases essenciais do partido ou, do contrário, "vai
rachar". "Uma parte vai sair para um lado e se reconfigurar. O PSDB não
vai ficar de fora da mudança que o Brasil está pedindo", argumenta. Para
ele, o governador eleito por São Paulo, João Dória (PSDB), não
representa a mudança necessária para o partido, pois é "oportunista".
Ele também defende que o partido seja menos paulista e mais brasileiro.
Redução
A sigla emedebista, que já teve a maior bancada do Congresso, também
sentiu o desejo de mudança das urnas. O presidente do partido no Ceará,
senador Eunício Oliveira, por exemplo, não foi reeleito e a legenda
elegeu, no Estado, somente um deputado federal, Moses Rodrigues.
Eunício defende que o partido mude a forma de posicionar-se quanto
aos governos e atue de maneira independente. "O MDB tem que dar uma
parada, tem que se tornar um partido independente, não aceitar cargo,
não participar de nenhum Governo".
Para Eunício, o partido também deve priorizar candidaturas próprias.
"Tem que colocar a cara para a população analisar suas propostas e sair
da mesmice de estar sempre pendurado atrás de cargos".
O presidente da comissão provisória do MDB em Fortaleza, o deputado
estadual Walter Cavalcante, também sustenta que a sigla já vá se
preparando para a disputa eleitoral de 2020, inclusive, sinalizando como
prioridade a disputa pela Prefeitura da Capital.
Moses Rodrigues (MDB), que terá posicionamento independente quanto ao
Governo de Jair Bolsonaro (PSL), pondera que acompanha os
posicionamentos do senador Eunício Oliveira. No segundo turno da
campanha, o parlamentar se manteve neutro e diz ainda não ter uma
posição definida quanto à futura gestão do presidente eleito.
"Queremos um MDB mais enxuto, mais preparado. Eu sou independente e
estou aguardando uma decisão do senador Eunício", afirma o único
deputado eleito pelo MDB para a bancada federal cearense em 2019.
Fonte: Diário do Nordeste
Postado por Raimundo Lima
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