De imediato, a prisão do ex-presidente Michel Temer (MDB) tem efeitos
não apenas sobre a Lava Jato, que completou cinco anos na última semana
acumulando derrotas no Supremo e sob fogo cerrado no Congresso.
Expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, os mandados de prisão dão
sobrevida à força-tarefa num momento de reveses, como o bloqueio à
criação do fundo para administrar recursos oriundos de multas, e de
asfixia de seu maior símbolo, o ex-juiz Sergio Moro.
Com Moro patinando no Governo, ora desautorizado publicamente por
Jair Bolsonaro, ora criticado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia,
Bretas assume a condição de herdeiro do legado lavajatista e ocupa o
lugar de carrasco dos poderosos.
Se o prêmio de Moro foi a prisão de Lula, o do juiz do Rio de Janeiro
é o quadrilhão do MDB, que, além de Temer, conta ainda com Moreira
Franco e Eliseu Padilha, ambos ex-ministros e também alvos da operação
desta quinta-feira.
O desmonte do núcleo duro dos esquemas atribuídos ao MDB, porém, tem consequências diretas – e imprevistas – no Congresso.
Recorde-se que, menos de 24 horas antes das prisões, Maia, que é
genro de Moreira Franco, metia-se em entrevero público com Moro
provocado pela pressão que o ministro da Justiça vem fazendo para que a
Câmara coloque em pauta o pacote anticrime.
O que fez o deputado federal do DEM? Criou grupo de trabalho que terá
90 dias para avaliar o pacote, que, entre seus principais pontos,
preconiza a prisão em segunda instância e o endurecimento no combate à
corrupção. Ou seja, adiou indefinidamente a sua apreciação, jogando o
pacote de Moro para as calendas.
O xilindró aplicado ao ex-presidente Michel Temer, portanto, tende a
azedar ainda mais o humor dos parlamentares. Se antes deputados e
senadores já não viam o pacote com simpatia, agora podem simplesmente
rejeitá-lo ou desfigurá-lo.
Fonte: O Povo
Postado por Raimundo Lima
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