Texto aprovado mantém a meta fiscal definida pelo
governo, que prevê deficit primário de R$ 131,3 bilhões para 2018. Proposta
será enviada para sanção
Luis
Macedo/Câmara dos Deputados
Deputados
e senadores aprovaram a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias, que vai orientar
a elaboração e a execução do orçamento de 2018
O Plenário do Congresso Nacional aprovou nesta
quinta-feira (13) a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do País, que vai
orientar a elaboração e a execução do orçamento de 2018. Deputados e senadores
acolheram o relatório da Comissão Mista de Orçamento, aprovado na noite desta
quarta. O texto (PLN 1/17) irá agora para sanção presidencial.
A proposta foi relatada pelo deputado Marcus
Pestana (PSDB-MG). Um acordo de última hora, chancelado por diversos partidos
políticos, levou o relator a apresentar um adendo no Plenário que, entre outros
pontos, torna o Fundo Partidário despesa obrigatória em 2018. Isso o livra do
contingenciamento realizado a cada ano, que incide apenas sobre as despesas não
obrigatórias (também chamadas de discricionárias).
Em 2017, parte da dotação do fundo é classificada
como despesa obrigatória e parte é discricionária. Como 2018 é ano de eleições,
os partidos querem ter acesso aos recursos sem limitações orçamentárias.
Despesa obrigatória
Esta é a primeira LDO aprovada pelo Congresso sob a vigência da Emenda Constitucional 95, que criou o Novo Regime Fiscal (NRF). O NRF estabeleceu um teto anual para as despesas primárias (obrigatórias e discricionárias) dos poderes, com vigência até 2036.
Esta é a primeira LDO aprovada pelo Congresso sob a vigência da Emenda Constitucional 95, que criou o Novo Regime Fiscal (NRF). O NRF estabeleceu um teto anual para as despesas primárias (obrigatórias e discricionárias) dos poderes, com vigência até 2036.
O parecer de Pestana adaptou o projeto da LDO às
exigências do teto de gastos. Um dos pontos principais do texto é a proibição
de aumento de despesa obrigatória, sujeita ao teto, por proposta legislativa
(como projeto de lei e medida provisória) sem a devida compensação orçamentária
em outras despesas obrigatórias. O objetivo é manter os gastos permanentes sob
controle.
O relator explicou que as despesas do próximo ano
já estão no limite, não havendo espaço para aumento sem a compensação. As
despesas primárias sujeitas ao teto somaram R$ 1,301 trilhão em 2017. Pelos
critérios do NRF, o fator de correção em 2018 será de 3% (equivalente ao IPCA
de julho de 2016 a junho de 2017). A correção eleva a despesa primária para R$
1,340 trilhão.
Segundo Pestana, o ganho entre os dois anos, de R$
39 bilhões, já está integralmente comprometido com o crescimento esperado dos
benefícios sociais e com os reajustes do funcionalismo público já concedidos.
Cenário fiscal
A situação fiscal do País foi o ponto mais abordado pelo deputado no Plenário. Pestana reforçou os argumentos apresentados ontem na Comissão de Orçamento e disse que a crise fiscal é grave. “É fundamental o Congresso entender a gravíssima situação das contas públicas”, afirmou. O deputado disse ainda que o desequilíbrio fiscal está no centro da crise econômica.
A situação fiscal do País foi o ponto mais abordado pelo deputado no Plenário. Pestana reforçou os argumentos apresentados ontem na Comissão de Orçamento e disse que a crise fiscal é grave. “É fundamental o Congresso entender a gravíssima situação das contas públicas”, afirmou. O deputado disse ainda que o desequilíbrio fiscal está no centro da crise econômica.
Durante a votação, que foi feita por acordo, o
deputado Bohn Gass (PT-RS) comentou o fato de esta ser a primeira LDO aprovada
com base na emenda do teto de gastos. “Tem três aspectos problemáticos nesse
projeto. A estrutura pública, do ponto de vista dos servidores, não está
garantida. A tese da LDO diz que só entra servidor se o outro sair. Mas se
quisermos ampliar a educação, tem que ter mais professor, temos que ter mais
servidores. O segundo aspecto é que não estimula a economia. E o terceiro: fica
tudo congelado”, disse.
Deficit primário
Além de disciplinar o próximo orçamento, a LDO define meta fiscal do País no próximo ano. O relatório final mantém a meta proposta pelo governo. O texto prevê, para 2018, deficit primário de R$ 132,5 bilhões para a União (governo federal e estatais), uma redução de quase R$ 10 bilhões em relação a 2017. Para este ano, o deficit mirado é de R$ 142 bilhões para a União.
Além de disciplinar o próximo orçamento, a LDO define meta fiscal do País no próximo ano. O relatório final mantém a meta proposta pelo governo. O texto prevê, para 2018, deficit primário de R$ 132,5 bilhões para a União (governo federal e estatais), uma redução de quase R$ 10 bilhões em relação a 2017. Para este ano, o deficit mirado é de R$ 142 bilhões para a União.
O governo federal responderá por um deficit de R$
129 bilhões. Estatais federais terão como meta o deficit de R$ 3,5 bilhões,
como já é praxe, Eletrobras e Petrobras serão isentas do esforço fiscal. Para
estados e municípios, a projeção é de superavit de R$ 1,2 bilhão.
No conjunto, a meta do setor público brasileiro é
um deficit primário de R$ 131,3 bilhões, o equivalente a 1,8% do Produto
Interno Bruto (PIB) estimado para o ano. “Não devemos nos acomodar diante de um
deficit primário desses”, afirmou Pestana.
O projeto estabelece a possibilidade de compensação
entre os resultados do governo, das estatais e dos entes federados. Com isso,
desde que mantida a meta total de R$ 131,3 bilhões, o governo poderá fazer
mudanças no seu esforço fiscal ou no das estatais durante a execução
orçamentária.
Se os números propostos pelo governo se
confirmarem, o ano de 2018 será o quinto consecutivo de deficit primário. Os
saldos negativos contribuem para o crescimento da dívida do governo.
Reportagem
– Janary Júnior
Edição – Pierre Triboli
Edição – Pierre Triboli
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